Com seis dos oito lixões ativos do estado – e nenhum aterro sanitário –, o Noroeste Fluminense é a região que mais abriga esse tipo de descarte ambientalmente inadequado. Este é um dos resultados do “Mapeamento dos Fluxos de Recicláveis Pós-Consumo no Estado do Rio de Janeiro – Noroeste Fluminense”, realizado pela Firjan, com o objetivo de contribuir para o fortalecimento do ciclo de reciclagem e seus impactos econômicos, sociais e ambientais. Além disso, da fração de resíduos urbanos que segue adequadamente para aterros sanitários, grande parte do material poderia estar sendo reciclado: a região deixa de aproveitar anualmente R$ 14,6 milhões em materiais que poderiam seguir o caminho da reciclagem.
Somente em 2020, 43,9 mil toneladas – 31,3% do total gerado na região – foram depositadas em lixões ou vazadouros. Em termos de resíduos sólidos urbanos (RSU), o Noroeste tem a menor proporção de cobertura de coleta domiciliar do estado, com 12% dos habitantes da região sem acesso ao serviço. Entre as cidades não atendidas, as principais são São José de Ubá (44% da população), Laje do Muriaé (25%), Cambuci (24%), Itaocara (24%) e Santo Antônio de Pádua (24%).
Mas o problema pode ser ainda maior. O levantamento mostrou que a estimativa de geração de RSU contida no Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) está defasada. Em Itaperuna, por exemplo, que é o maior município da região – e, consequentemente, o maior gerador de resíduos –, o montante real é o dobro daquela estimada no Plano, o que reforça a importância de que os municípios reportem suas informações anuais em busca do aprimoramento da gestão de resíduos.
“A questão ambiental é uma urgência para a sociedade, para o poder público e para as empresas. Temos com orgulho grandes exemplos de iniciativas sobre este tema, mas é preciso haver ações concretas para estimular o ciclo de reciclagem junto ao cidadão comum, que está cada dia mais consciente dessa importância para o nosso futuro imediato”, disse o presidente da Firjan Noroeste
Indústria aliada a cooperativa de catadores
A despeito dos desafios, vem de Pádua um dos grandes exemplos de incentivo à reciclagem, não só da região, como do estado. A COPAPA, produtora de papeis sanitários instalada na cidade, fez uma parceria com uma cooperativa de catadores de lixo há quase 10 anos. Nesse período, a indústria ajudou com uma série de investimentos como reforma nas instalações, cursos de qualificação, fornecimento de uniformes e confecção de adesivos que são colados nas residências de moradores adeptos da prática, a fim de facilitar a coleta dos catadores. Por fim, a COPAPA doou só no ano passado o montante mais de 346 toneladas de materiais recicláveis, o que representa cerca de 70% da renda da cooperativa.
“Com isso, garantimos renda mínima aos cooperados, além de proporcionar à empresa uma compensação de embalagens no processo de geração de resíduos. Os frutos são colhidos por ambas as partes, sem contar os benefícios proporcionados à natureza e à sociedade”, destacou o diretor-presidente da COPAPA, Antônio Fernando Pinheiro da Silva, que também é conselheiro da Firjan Noroeste Fluminense.
O projeto “Coleta Seletiva Solidário” é um dos finalistas do Prêmio Faz Diferença, uma iniciativa do jornal O Globo em parceira com a Firjan. Em 2021, a empresa já havia vencido o Prêmio Firjan Ambiental com o projeto “Carinho Eco Green”, que mudou o processo de produção de papéis sanitários de modo a gerar menor impacto no meio ambiente. Este ano a empresa conquistou também o Prêmio Tissue Online neste ano, na categoria produto tissue mais inovador.
Fonte: O diário do Noroeste
